sexta-feira, 29 de maio de 2009

Um outro olhar


Nós, os céticos, sempre nos voltamos para dentro, escavando-nos, solapando-nos, convivendo com ar escasso, com a escuridão e debatendo-nos contra as paredes de um grande buraco – nossas limitações. Desconfiamos par excellence de tudo que é claro demais, bonito demais, perfeito demais. A maior parte do tempo estamos isolados, nos distanciamos das várias possibilidades de contato social, onde as pessoas se arrastam pela inércia. Questionamos, alfinetamos, mostramos nossa opinião de um ângulo diferente - do imoral - e incomodamos. Incomodamos justamente porque nossos argumentos são mais palpáveis, não afetam tanto os sentidos, tanto quanto no fanatismo, em que as coisas são enxergadas com demasiada miopia. Portanto, é preciso que se alcance a época de um homem que saiba não apenas distanciar-se dessa doença, mas pôr-se de fora, o suficiente para enxergar não só aos outros, mas a si mesmo. A verdade é uma lente humana. Muda de acordo o foco. Amarrados pela corda do senso comum, desenvolvemos o medo de ver: aumentamos, diminuímos, distorcemos e embaçamos. Porquanto, duvidai de todo aquele que vos diz a Verdade. Enfim, tudo o que é claro demais, bonito demais e perfeito demais é, também, fantasioso demais. Venho fazer a cirurgia moral dessa cegueira.